"A todos os visitantes de passagem por esse meu mundo em preto e branco lhes desejo um bom entretenimento, seja através de textos com alto teor poético, através das fotos de musas que emprestam suas belezas para compor esse espaço ou das notas da canção fascinante de Edith Piaf... Que nem vejam passar o tempo e que voltem nem que seja por um momento!"

20.3.12



Com os anos a morte vai-se tornando familiar. Quero dizer não a ideia da morte, não o medo da morte: a realidade dela. As pessoas de quem gostamos e partiram amputam-nos cruelmente de partes vivas nossas, e a sua falta obriga-nos a coxear por dentro. Parece que sobrevivemos não aos outros mas a nós mesmos, e observamos o nosso passado como uma coisa alheia: os episódios dissolvem-se a pouco e pouco, as memórias esbatem-se, o que fomos não nos diz respeito, o que somos estreita-se. A amplidão do futuro de outrora resume-se a um presente acanhado.

António Lobo Antunes

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2 comentários:

  1. Uma reflexão dorida, mas verdadeira. Lembro-me de meu avô quando seu último primo em primeiro grau faleceu e o comentário que fez: "ele era meu último primo; aos poucos morrem meus amigos..." Viver muito é um naufrágio lento e assombroso.

    (Gosto das imagens que você ilustra suas postagens).

    Um abraço,

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  2. Esta é a realidade da vida, a mais dura, mas incontornável!
    Beijinhos,
    Manuela

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