"A todos os visitantes de passagem por esse meu mundo em preto e branco lhes desejo um bom entretenimento, seja através de textos com alto teor poético, através das fotos de musas que emprestam suas belezas para compor esse espaço ou das notas da canção fascinante de Edith Piaf... Que nem vejam passar o tempo e que voltem nem que seja por um momento!"

1.11.09

Ouço-os em redor do meu caixão, falando baixinho.
Lamentam-se dizendo que é injusto, tão injusto.
Ficam calados durante uns instantes, talvez olhando
para o chão, talvez perguntando-se que horas serão;
e depois repetem: tão injusto. Alguém diz, pesaroso:
teve uma vida simples e monótona, tão altruísta.
Ninguém responde: e o silêncio incomodando.
Novo lamento: uma vida de sacrifício, para que
fossem felizes. Depois, uma confissão inesperada,
quase inaudível: tanto que a amávamos. E eu no meu
caixão, quietinha. Um pouco surpreendida: amavam-me?
E só agora é que mo dizem?

Paulo Kellerman


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Um comentário:

  1. Helena:

    E só agora é que mo dizem?

    Parece que na hora do adeus
    é que muitos percebem a beleza
    que estava sempre presente...

    Lindo!
    Beijo.

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